Ao longo de séculos, onda após onda de novas tecnologias de pagamentos tem emergido para fazer frente às demandas sociais. Moedas, notas de bancos, cheques e cartões de crédito foram inovações nos seus dias. Hoje, há uma crescente discussão de uma nova tecnologia de pagamento: as Central Bank Digital Currencies – CBDCs (Moedas Digitais dos Bancos Centrais). Como uma responsabilidade digital do Banco Central, as CBDCs no atacado podem se tornar um novo instrumento para acertos entre instituições financeiras, enquanto as CBDCs no varejo (ou propósito geral) seriam uma responsabilidade do Banco Central acessível a todos.
Este é o parágrafo inicial da introdução de um recente trabalho para discussão de técnicos (Raphael Auer, Giulio Cornelli e Jon Frost) do Bank for International Settlements – BIS (conhecido como o Banco Central dos Bancos Centrais), cujo título é o mesmo desta newsletter.
O foco do trabalho está expresso na sua apresentação na página do BIS. As CBDCs estão na vitrine. Mas as razões para emiti-las variam entre os países, assim como os enfoques de políticas e desenhos técnicos. O trabalho olha para os motivos econômicos e institucionais por trás dos presentes projetos de CBDCs, e pergunta como eles devem conformar o desenho de tais moedas.
Os autores desenharam um banco de dados de pesquisa e desenvolvimento, enfoques técnicos e posições de políticas para a emissão de CBDCs. Eles avaliaram a posição de política em um banco de dados de mais de 16.000 discursos de bancos centrais. Eles também fizeram um balanço dos atuais esforços de desenvolvimento, provendo uma taxonomia desenhos técnicos de todas as políticas relevantes e publicações analíticas publicadas por bancos centrais ao redor do mundo. Depois, eles olharam para os guias/motores dos projetos de CBDCs ao relacionar intensidade de desenvolvimento às diferenças econômicas e institucionais entre os países. Baseados em relatórios públicos e entrevistas com especialistas de bancos centrais, os autores estabeleceram enfoques de políticas por trás de três projetos de CBDCs: China's Digital Currency Electronic Payments (DC/EP), Sweden's e-krona e o Bank of Canada's CBDC contingency plan.
Os principais achados foram os seguintes. Em termos dos guias/motores para o desenvolvimento da CBDC, eles observaram que a maioria dos projetos se originou em economias inovadoras e digitalizadas. Os trabalhos de CBDC no varejo são mais avançados onde a economia informal é maior. Nenhum dos projetos pesquisados buscou substituir o dinheiro (cash) – todos objetivaram oferecer um complemento digital.
Quanto aos desenhos técnicos, os autores observaram que mais e mais bancos centrais estão considerando arquiteturas “Híbridas” ou “Intermediadas”, onde a CBDC é um “cash-like direct claim” (exigência tal qual dinheiro) no Banco Central, mas o setor privado gerencia todas atividades diretas ao consumidor. Somente algumas poucas jurisdições são consideradas desenhos “Diretos”, em que o Banco Central assume alguns ou tudo do lado dos pagamentos ao consumidor. No presente, nenhum banco relata que está perseguindo um desenho de uma CBDC “Sintética” ou “Indireta”.
Enquanto os Bancos Centrais estão considerando várias infraestruturas técnicas, as presentes provas-de-conceito tendem a ser baseadas em distributed ledger technology, mais do que em uma infraestrutura convencional. Frameworks de acesso tendem a ser baseados na identificação de contas, mais do que permitindo token-based anonymity (anonimidade baseada em tokens). A maioria dos projetos de CDBC no varejo tem um foco doméstico.
Ainda há muita coisa a ser entendida nesse domínio das CBDCs, particularmente o desenho das arquiteturas de transição de interoperabilidade (tema já tratado aqui na newsletter de 12-07-2020) entre atuais meios de pagamentos (sem CBDCs) para aqueles com CBDCs.
Se se sua empresa, organização ou instituição deseja saber mais sobre CBDCs, não hesite em nos contatar!